domingo, 10 de janeiro de 2016

DIABETES MELLITUS

DIABETES MELLITUS TIPO 1
DEFINIÇÃO
        Diabetes mellitus é uma síndrome caracterizada pela glicemia de jejum alterada ou hiperglicemia pós-prandial, decorrente da deficiência absoluta ou relativa de insulina, associada a alterações no metabolismo das proteínas e gorduras. Ocorre quando o índice de disposição (produto da sensibilidade à insulina e a resposta da insulina aguda) é inadequado para prevenir a hiperglicemia (SPERLING et al., 2015).
DIAGNÓSTICO
VALORES DE GLICEMIA PLASMÁTICA (mg/dL) PARA O DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS E SEUS ESTÁGIOS PRÉ-CLÍNICOS
CATEGORIA
JEJUM*
2 HORAS APÓS 75g DE GLICOSE
CASUAL**
Glicemia normal
<100
<140

Tolerância à glicose diminuída
>100 a <126
≥140 a <200

Diabetes mellitus
≥126
≥200
≥200 (com sintomas clássicos)***
* O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por, no mínimo, 8 horas.
** Glicemia plasmática causal é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição.
*** Os sintomas clássicos de diabetes mellitus incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso.
Nota: o diagnóstico de diabetes mellitus deve ser sempre confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos eu haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda o sintomas óbvios de diabetes mellitus.
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015.
HEMOGLOBINA GLICADA  (HbA1c) PARA O DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS
DIAGNÓSTICO
HEMOGLOBINA GLICADA
Diabetes Mellitus
HbA1c > 6,5%, desde que confirmada pela presença de sintomas, glicemia ao acaso > 200 mg/dL ou com resultado similar em nova coleta.
Alto risco para o desenvolvimento de diabetes
HbA1c entre 5,7 e 6,4%
Observação: O diagnóstico de diabetes mellitus pela medida da glicemia plasmática tem nível A de evidência, enquanto que pela HbA1c ainda requer mais estudos.
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015.
CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DO DIABETES MELLITUS
CATEGORIA
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Diabetes mellitus:

 Tipo 1
Sintomas típicos (glicosúria, cetonúria) + glicemia plasmática ao acaso > 200 mg/dL.
Tipo 2
Glicemia de jejum > 126 mg/dL, com valor de 2 horas no teste de tolerância oral à glicose > 200 mg/dL, em mais de uma aferição e na ausência de fatores precipitantes.
 Outros tipos
Critérios dos tipos 1 e 2 com síndrome genética, terapia medicamentosa, doença pancreática ou outras causas conhecidas ou associações.
Glicemia de jejum alterada
Glicemia de jejum > 110 e < 126 mg/dL.
Intolerância à glicose
Glicemia de jejum inferior a 126 mg/dL, com glicemia de 2 horas no teste de tolerância oral à glicose > 140 e < 200 mg/dL.
Diabetes gestacional
Dois ou mais níveis anormais de glicemia de jejum > 105 mg/dL, 1 hora > 180 mg/dL, 2 horas > 155 mg/dL e 3 horas > 140 mg/dL no teste de tolerância oral à glicose.
Classes de Risco de Estatística
Anormalidade anterior de tolerância à glicose
Teste de tolerância à glicose previamente anormal, hiperglicemia espontânea ou diabetes gestacional.
Potencial anormalidade de tolerância à glicose
Propensão genética (Gêmeo idêntico com diabetes mellitus), anticorpos contra as células das ilhotas.
Fonte: SPERLING et al., 2015.
CLASSIFICAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DO DIABETES MELLITUS
I - Diabetes mellitus tipo 1 (destruição de células beta com deficiência absoluta de insulina)

A.    Imunomediada (1a)
B.    Idiopática (1b)

II - Diabetes mellitus tipo 2 (combinações variáveis de resistência e deficiência insulínica)
A.        Típica
B.        Atípica

III - Defeitos genéticos na função das células beta
A.        Síndrome MODY
  1. MODY 1 (cromossomo 20, HNF-4𝛂)
  2. MODY 2 (cromossomo 7, glicoquinase)
  3. MODY 3 (cromossomo 12, HNF-1𝛂, TCF-1)
  4. MODY 4 (cromossomo 13, IPF-1)
  5. MODY 5 (cromossomo 17, HNF-1β, TCF-2)
  6. MODY 6 (cromossomo 2q32, neuro-D1/beta-2)
B.        Mutações do DNA mitocondrial:
C.   Síndrome de Wolfram – DIDMOAD (diabetes insípidus, diabetes mellitus, atrofia óptica e surdez)(WFS1, wolframina, cromossomo 4p)
  1. Wolfran lócus 2 – cromossomo 4q22-24
  2. Wolfram mitocondrial
D.   Anemia megaloblástica sensível a tiamina e diabetes

IV – Induzida por substância química
A.           Antirrejeiçao (ciclosporina, sirolimus)
B.           Glicocorticóides
C.           L-asparaginase
D.           Β bloqueadores adrenérgicos
E.           Vacor
F.           Fenitoína
G.          𝛂-interferon
H.           Diazóxido
I.             Ácido nicotínico
J.            Outros

V – Doenças do pâncreas exócrino
A.        Fibrose cística
B.        Trauma – pancreatectomia
C.   Pancreatite – radiação ionizante
D.   Outros

VI – Infecções
A.        Rubéola congênita
B.        Citomegalovírus
C.   Síndrome hemolítico-urêmica

VII – Variações de diabetes mellitus tipo 2
A.        Defeitos genéticos na ação da insulina
  1. Síndrome de Rabson-Mendenhall
  2. Leprechaunismo
  3. Síndromes diabetes lipoatrófica
  4. Resistência insulínica tipo 1 (acantose)
B.        Defeitos adquiridos de ação da insulina
  1. Tumores endócrinos (raros na infância)
C.   Feocromocitoma
D.   Síndrome de Cushing
E.        Outros
  1. Anticorpos anti-receptor de insulina

VIII – Síndromes genéticas com diabetes e resistência à insulina/deficiência de insulina
A.        Síndrome de Prader-Willi (cromossomo 15)
B.        Síndrome de Down (cromossomo 21)
C.   Síndrome de Turner
D.   Síndrome de Klinefelter
E.        Outros
  1. Síndrome de Bardet-Bedl
  2. Síndrome de Alstrom
  3. Síndrome de Werner

IX – Diabetes gestacional

X – Diabetes neonatal
A.        Transitório (cromossomo 6q24, KCNJ11, ABCC8, INS, HNF1β, etc)
B.        Permanente (agenesia de pâncreas, deficiência de glicoquinase, KCNJ11, ABCC8, etc)
Fonte: SPERLING et AL., 2015.
ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO PLANO ALIMENTAR INDICADO PARA PORTADORES DE DIABETES MELLITUS
MACRONUTRIENTES
INGESTÃO RECOMENDADA/DIA
Carboidratos (CHO)
Carboidratos totais: 45 a 60%
Não inferiores a 130g/dia
Sacarose
Até 10%
Frutose
Não se recomenda adição nos alimentos
Fibra alimentar
Mínimo de 20g/dia ou 10g/1.000Kcal
(ideal: 14g/1.000 Kcal)
Gordura total (GT)
Até 30% do VET*
Ácidos graxos saturados (AGS)
< 7% do VET*
Ácidos graxos trans (AGT)
≤ 1g
Ácidos graxos poliinsaturados (AGPI)
Até 10% do VET*
Ácidos graxos monoinsaturados (AGMI)
Completar de forma individualizada
Colesterol
< 200 mg/dia
Proteína
Prescrição individualizada
MICRONUTRIENTES
INGESTÃO RECOMENDADA/DIA
Vitaminas e minerais
Segue as recomendações da população geral
Sódio
Até 2.000 mg
VET (valor energético total): considerar as necessidades individuais, utilizando parâmetros semelhantes à população não diabética, em todas as faixas etárias.
Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015.
        CARBOIDRATOS. Os carboidratos devem ser monitorados pela sua contagem ou substituição, considerando os grupos de alimentos. A sacarose pode ser ingerida até 10% do requerimento energético diário, devendo ser substituída por outra fonte de carboidrato ou, se adicionada, compensada com doses adicionais de insulina ou outro medicamento hipoglicemiante (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
        ADOÇANTES. O FDA parovou o consumo de adoçantes como o acessulfame K, aspartame, sacarina sódica e sucralose, seguros para diabéticos e gestantes em doses diárias aceitáveis (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
        FIBRAS. As fibras solúveis melhoram a glicemia e o metabolismo dos lipídios, enquanto as insolúveis contribuem para a saciedade, controle de peso e preservação da saúde intestinal. Recomenda-se o consumo mínimo de 14 g/1.000Kcal.
        LIPÍDEOS. A ingestão de ácido graxo saturado, ácido graxo trans e colesterol deve ser reduzida. A suplementação com ácidos graxos poli-insaturados Ω-3 pode reduzir as concentrações de triacilgliceróis e modular a resposta inflamatória, com pequeno aumento nas concentrações de LDL-C compensada pelo aumento do HDL-C. Deve-se consumir, pelo menos, duas ou mais porções de peixe não frito por semana, com recomendação da ingestão de Ω-3 (EPA e DHA) de 500 mg para prevenção primária, 1 g/dia para prevenção secundária e, sob supervisão médica, doses superiores (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015) A ingestão de 2 g/dia de esteróis de plantas e ésteres de estanol resulta na redução do colesterol total e LDL-C (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
        PROTEÍNAS. A oferta de proteínas deve provir de fontes de aminoácidos essenciais, carnes magras (bovina, aves, peixe), soja, leite, queijos e iogurtes de baixo teor de gordura e também de fontes vegetais como leguminosas, cereais integrais e frutas oleaginosas (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015). Na presença de microalbuminúria e indivíduos com taxa de filtração glomerular > 70 mL/min, a oferta de proteínas deverá ser mantida em 0,8 a 1 g/Kg/dia, o mesmo que para a população saudável. Quando a taxa estiver entre 70 e 30 mL/Kg/dia e a microalbuminúria estiver presente, recomenda-se restrição proteica de 0,6 g/Kg/dia. A substituição de carne vermelha pela de frango ou soja, sem restrição proteica, pode reduzir a excreção urinária de albumina em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 e nefropatia diabética (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
        VITAMINAS E MINERAIS. A deficiência vitamínica é frequente em indivíduos diabéticos, decorrente da perda urinária, redução da absorção intestinal e baixa ingestão dietética. Eles deve ter um plano alimentar variado, com o consumo mínimo de 2 a 4 porções de frutas, sendo pelo menos uma rica em vitamina C (frutas cítricas) e de 3 a 5 porções de hortaliças cruas e cozidas (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015). Alimentos funcionais com potenciais efeitos antioxidantes (café, chá, cacau e canela) são benéficos (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015). A suplementação rotineira de antioxidantes não é recomendada (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015). Idosos, gestantes, lactentes, vegetarianos restritos ou aqueles com restrição calórica podem necessitar de suplementação vitamínica (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
        A deficiência de vitamina B12 pode ocorrer, principalmente no uso crônico de metformina, e resultar em neuropatia diabética, sendo necessária a suplementação com doses terapêuticas (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
A deficiência de vitamina D está relacionada ao mau controle glicêmico, pois essa vitamina atua na secreção e sensibilidade insulínicas e reduz o estado inflamatório. Sua suplementação traz benefício aos pacientes com deficiência (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
Deficiências de zinco e magnésio estão relacionadas ao aumento da concentração de hemoglobina glicada, progressão do diabetes e complicações. a suplementação de zinco é benéfica no controle glicêmico de diabéticos tipos 1 e 2. O zinco regula a função das ilhotas pancreáticas e promove a homeostase glicêmica. A suplementação de zinco somente beneficia os pacientes com deficiência (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
A depleção crônica de magnésio em diabéticos tipo 1 associa-se a polineuropatia e sua suplementação influencia favoravelmente na progressão da doença. a suplementação de magnésio está associada à redução das frações lipídicas aterogênicas e aumento da fração HDL-C (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
O consumo de sódio deve ser limitado a 2.000 mg/dia, ou seja, 5 g de sal de cozinha/dia. Em presença de hipertensão arterial, o consumo de sódio deve ser reduzido a 1.500 mg/dia. A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) é recomendada para indivíduos diabéticos . Deve-se atentar para a ingestão de “sal escondido”, ou seja, ingredientes fontes de sódio que não agregam sabor salgado aos alimentos, como por exemplo, conservantes, acidulantes e corantes (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
PLANO ALIMENTAR. O plano alimentar deve ser fracionald em 6 refeições, sendo 3 principais e 3 lanches (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
        
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MONITORIZAÇÃO
MONITORIZAÇÃO DO PERFIL LIPÍDICO. Crianças com mais de 2 anos com histórico familiar de hipercolesterolemia ou evento cardiovascular antes dos 55 anos de idade ou com sobrepeso/obesidade devem ser triadas para dislipidemias. O perfil lipídico dever ser solicitado ao diagnóstico de diabetes após estabelecido o controle glicêmico. Para as crianças sem histórico familiar de dislipidemia, o primeiro perfil lipídico deve ser realizado após 10 anos de idade. O monitoramento deve ser anual para as crianças de todas as idades que apresentam alteração do perfil lipídico ou sobrepeso/obesidade.Caso o LDL-C seja < 100 mg/dL, o perfil lipídico pode ser repetido após 5 anos (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
ATIVIDADE FÍSICA
        O paciente diabético deve ser estimulado à prativar 150 minutos/semana de atividade física (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015).
HIPOGLICEMIA
        Conduta em caso de hipoglicemia (Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014/2015):
  • Hipoglicemia leve (glicemia: 50 a 70 mg/dL) e criança lúcida: 15 g de carboidratos de rápida absorção (1 colher de sopa de açucar para 200 mL de água, ou 200 mL de suco de laranja ou 200 mL de refrigerante regular ou 5 sachês (3g) de mel ou 5 balas macias. se a próxima refeição não for acontecer dentro do período de uma hora, um pequeno lanche deve ser feito imediatamente após o episódio da hipoglicemia.
  • Hipoglicemia severa (glicemia: < 50 mg/dL) e paciente consciente: oferecer 30 gramas de carboidratos (dose dobrada).
  • Hipoglicemia severa (glicemia: < 50 mg/dL) e paciente inconsciente: Glucagon por via subcutânea. Na impossibilidade, não oferecer líquidos, administrando açúcar, mel ou carboidrato em gel, por via oral, cuidadosamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Desculpe-nos. Página em construção
Área De Construção,.